7 de agosto de 2009

Amor por Poesia...

Solilóquio de um Visionário

Para desvirginar o labirinto
Do velho e metafísico Mistério,
Comi meus olhos crus, no cemitério,
Numa antropofagia de faminto!

A digestão desse manjar funéreo
Tornado sangue, transformou-me o instinto
De humanas impressões visuais que eu sinto,
Nas divinas visões do íncola etéreo!

Vestido de hidrogênio incandescente,
Vaguei, um século, improficuamente,
Pelas monotonias siderais...

Subi talvez às máximas alturas,
Mas, se hoje volto assim, com a alma às escuras,
É necessário que inda eu suba mais!


Publicado no livro Eu (1912). In: REIS, Zenir Campos. Augusto dos Anjos: poesia e prosa. São Paulo: Ática, 1977. p.89. (Ensaios, 32)

3 comentários:

Marco Antônio 11 de agosto de 2009 às 05:58  

Menina, eu sou fã confesso de sua escrita, cada verso teu penetra na minha alma de uma forma sem igual. Grato por esse presente...

Anônimo,  14 de agosto de 2009 às 21:30  

Oi minha sempre amadamiga!
O Velho Poeta viu seu comentário, com saudade!

--- Veja no meu flog, as coisas que vc disse há quatro anos atrás...

http://fotolog.terra.com.br/freeway

Beijos de agradecimento pelo que vc representou (e representa) na minha vida.

ANJES

gureumartins 9 de setembro de 2009 às 17:32  

..."há quatro tipos
de pessoas:
aquela que vem
da luz pra luz
a que vem
da luz pro escuro
aquela que vem
do escuro pra luz
e a que vem
do escuro pro escuro"...

bj

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